Evolução no crescimento do frango

Muitas são as vezes em que passamos numa típica churrasqueira portuguesa e vemos dezenas e dezenas de pessoas em filas que chegam até ao exterior, para comprar o barato frango de churrasco. Contudo, poucos saberão que, por norma, esses frangos vivem apenas 30 dias. Sim, apenas um mês.

1. Ritmo de crescimento

A indústria pretende que os frangos criados para carne cresçam rápido e num curto espaço de tempo, muitos desenvolvendo osteoporose, chegando a quebrar vários ossos até à hora do seu abate. Aliás, a intervenção humana na seleção genética destas aves é tão significativa que, mesmo as aves resgatadas da indústria, não conseguem viver muito além das cinco semanas, tamanhas são as complicações de saúde a que estão sujeitos os seus frágeis corpos.

Créditos fotográficos © Stefano Belacchi / Equalia / We Animals Media

“Um aumento na idade de abate de cinco semanas para nove semanas resultou numa taxa de mortalidade sete vezes maior. Isso explica-se pelo fato do rápido crescimento dos tecidos musculares das pernas e do peito levar a uma diminuição relativa no tamanho de outros órgãos vitais, como coração e pulmões, restringindo sua função e a longevidade geral do animal” [1].

De 1957 a 2005, o crescimento corporal dos frangos aumentou em 400%, com uma redução de 50% na alimentação. Estes são dados de um estudo de 2014 [3], onde se analisaram as consequências da pressão comercial na genética destes animais. Durante o mesmo período de tempo, o peitoral destes animais cresceu em 79% e 85%, em machos e fêmeas, respectivamente.


2. Evolução da velocidade no crescimento

Isto significa que as aves criadas para frango em 2005, cresciam até 364%, ou 4 a 5 vezes mais rápido do que as aves consumidas na década de 60. Para perceber a magnitude deste número, apenas temos que nos imaginar a pesar 4 a 5 vezes mais do que o que pesamos.

Um artigo mais recente, de 2013, diz-nos que “as galinhas hoje (2013) são criadas, alimentadas e drogadas para pesar mais de 6,38 vezes o seu peso natural[4].

A seleção genética voltada para a produtividade e rápido crescimento leva a que os seus ossos e órgãos internos não consigam acompanhar o ritmo de crescimento, fazendo com que a falência cardíaca e insuficiência respiratória sejam comuns.

Continuando a este ritmo, o sofrimento destas aves é algo que já não se consegue evitar. O National Chicken Council (EUA) faz ainda uma comparação da performance do frango desde 1925 até 2021 que é simplesmente assustadora.

Créditos fotográficos © Stefano Belacchi / Equalia / We Animals Media

Em 1925, a galinha crescia até aos 112 dias, sendo comercializada com o peso de 1.13kg, em média. No gráfico disponibilizado no site oficial, é possível ver a evolução ao longo dos anos, chegando a 2021 com a galinha sendo comercializada aos 47 dias, com um peso de 2.8kg, e com a proporção de ração muito menor à de 1925.

Estes dados são também confirmados através de uma outra fonte. Através do artigo “The life of: the broiler Chicken”, a Compassion in World Farming afirma que nos últimos 80 anos, a idade de abate diminuiu consideravelmente, enquanto que o peso das aves aumentou drasticamente, ilustrando a evolução do gráfico abaixo.

O que significa que, hoje em dia, a galinha pesa mais, vive menos e come menos. Tudo para gerar lucro, ignorando que gera também extremo sofrimento.

Créditos fotográficos © Stefano Belacchi / Equalia / We Animals Media

Vídeo:

Excerto do documentário "Dominion"

Créditos fotográficos © Farm Transparency Project / Dominion

Texto da petição:

Pelo fim do abate de pintos machos

Exmo. Senhor Presidente da Assembleia da República,

Exmos Senhores(as) Deputados(as) Da Assembleia da República,

Todos os anos, milhões de pintos machos recém-nascidos são triturados ou asfixiados vivos. Esta é a realidade da indústria dos ovos em Portugal e na União Europeia. A lei permite que existam duas formas de descartar estes pintos: trituração e/ou asfixia.

Os pintos machos não são capazes de pôr ovos, nem servem para a indústria da carne porque não crescem à mesma velocidade do que outras raças exploradas para esse efeito. Assim que nascem, são atirados para um longo tapete rolante que os irá conduzir à queda num balde repleto de lâminas, onde serão triturados vivos. Alternativamente, poderão ser asfixiados, outro método por vezes empregue.

Reconhecemos que esta prática é cruel, inaceitável e desumana, devendo ser legalmente proibida. Consideramos ainda que tal método não se justifica e não é coerente com as políticas de Bem-Estar Animal que a indústria e a legislação portuguesa dizem implementar. 

Nós, abaixo-assinados, queremos ver esta prática abolida e incentivos à investigação de tecnologias mais compassivas na indústria.

Atenciosamente,

Os signatários da Petição